domingo, 14 de agosto de 2011

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Anjos Brancos.
Que me perdoem os fãs do atual Barcelona, mas o time que mais me encantou até hoje foi o Real Madrid dos Galácticos. Sim, o Barça parece ser mais forte e equilibrado do que aquele Real Madrid, todavia, a ideia central da equipe catalã parece ser tocar e tocar a bola até anestesiar os adversários (e os espectadores) até aparecer o espaço para Messi entrar como um bisturi perfurando a defesa.
Os Galácticos eram diferentes. Ronaldo, Figo, Zidane, Roberto Carlos e Raúl eram garantia de espetáculo e jogadas geniais e imprevisíveis. Sim, era mais vulnerável, mas ao mesmo tempo era mais encantador.
No livro, o jornalista inglês John Carlin acompanha os bastidores do Real Madrid a partir do ponto que considero crucial na queda daquela mítica equipe: A chegada de David Beckham. Não que o astro britânico não fosse um grande jogador. Sobre isso não tenho nenhuma dúvida. Porém, para abrigar o Spiceboy em seu elenco, o presidente Florentino Pérez acabou deixando de lado o equilíbrio fundamental a qualquer equipe vencedora.
Carlin revela que após a saída do zagueiro e capitão Fernando Hierro, Pérez buscava outro central e um meio-campista. Para a defesa o nome preferido era o do argentino Roberto Ayala. Para meio, a dúvida pairava entre Patrick Vieira, David Beckham e Francesco Totti. Ayala estava bem próximo do acerto, mas os dirigentes do Valencia disseram temer a reação de sua torcida. Mas o mandatário não tinha dúvidas de quem ele gostaria que vestisse a camisa branca do maior clube do mundo. Beckham era ao mesmo tempo um grande jogador e uma das figuras mais midiáticas do planeta, a ponto de muitos o apontarem na ocasião como o homem mais famoso do mundo, acima do Papa ou do presidente dos Estados Unidos.
Não tenho dúvidas de que este momento representou o início da derrocada de um time que vinha alternando a conquista do campeonato espanhol e da UEFA Champions League. Com a presença do sólido Ayala na defesa e de Vieira ao lado de Makelele (logo vendido ao Chelsea) no meio, acredito que teriam conquistado muito mais coisas.  
Como dizem, a bola pune e mostrou que mesmo um time dos sonhos não é capaz de resistir à dura realidade do futebol. Hoje a memória que os Galácticos deixaram para o mundo é a de uma equipe que trocou a competitividade pela diversão. Uma dura lição que Florentino Pérez aprendeu de uma forma amarga e que agora tenta com o técnico José Mourinho mostrar que ela foi bem assimilada.

6 comentários:

Leonardo Prado disse...

tchê, que time!! e zinedine zidane no comando, com raul madrid e o fenômeno...que time!! roberto voando na lateral. era um cano!! fiquei curioso com o conteúdo desse livro. boa recomendação michel. abração!

te falar, tem um cara aqui do sul, ele é jornalista com formação em pelotas, o eduardo ceconi, que tem um blog muito bom, o tabuleiro, no globo.com
não sei se tu conhece, recomendo, o homem é fera.

Michel Costa disse...

Recomendo muito, meu camarada. É o tipo de livro que você não consegue parar de ler. Os bastidores do Real Madrid são ainda mais interessantes do que parecem. Lendo, é possível entender por que Floretino Perez decidiu montar os Galáticos e por que eles fracassaram. Muito bom mesmo.

Sobre o Ceconi, claro que eu conheço! Sempre conversamos via Twitter. O bruxo é fera.

Abraços.

andré disse...

Livro muito bom mesmo Michel,lembro que sempre passava na Fnac Paulista pra ver os lançamentos,e quando peguei esse livro,fiquei uma hora e meia o lendo direto!As historias são ótimas...e a derrocada daquele time começou mesmo com a chegada do Spicy Boy,mas que era bacana ver a constelação em campo era...quando resolvi comprar o livro,já havia acabado a leitura,pois ia la todo antes da faculdade pra ler um capitulo,que quando percebi já havia lido o livro inteiro!

Michel Costa disse...

Hahaha! Boa. Leu um ótimo livro e ainda economizou uns trocados.
Para falar a verdade, ainda não terminei a leitura. Passei da metade, mas a interrompo para ler as revistas mensais. Além disso, "Anjos Brancos" é daqueles livros que de tão bom, você não quer que acabe.

Abraço.

Thiago Ribeiro disse...

interessantíssimo, embora duvide que eu o lerei tão cedo - preparando projeto de doutorado agora -.

mas pra mim, o fim foi a saída de Makelelé. Foi o elemento tático mais importante.

Michel Costa disse...

Também uso esse ponto como divisor de águas daquele time, Thiago. Aliás, numa passagem engraçada do livro, alguém pergunta a Florentino Perez por que ele não contratava o Gattuso para resolver a marcação no meio. "Só se for para carregar as chuteiras dos outros jogadores" foi a resposta :-)

Abraço.