Poucas vezes
uma convocação de Seleção Brasileira gerou tão pouca discussão como a do grupo
escolhido por Luiz Felipe Scolari para a disputa da Copa do Mundo de 2014. Entre
as ausências, a mais lamentada foi a de Miranda, um dos destaques do Atlético
de Madrid na temporada recém-encerrada. Mesmo assim, o fato de o zagueiro ser apenas
um potencial reserva da dupla formada por Thiago Silva e David Luiz serviu para
atenuar os ânimos. Entre os jogadores presentes na lista, o versátil Henrique
foi o mais questionado, tendo seu chamado condicionado quase que exclusivamente
à confiança que recebe do técnico.
No entanto,
alguns episódios ocorridos no Mundial têm indicado que as escolhas de Felipão
talvez não tenham sido tão certeiras quanto se pensou. Da reserva de Luiz
Gustavo à inoperância de Jô, passando pela pouca confiança em Hernanes e
Bernard, as partidas mostraram um grupo que não oferece opções seguras para o
Brasil. Quando o volante do Wolfsburg foi suspenso por ter recebido dois
cartões amarelos, muitos se preocuparam com a possibilidade de Henrique –
atuando como lateral direito no Napoli – jogar. No fim, o substituto
Fernandinho cumpriu bem suas funções defensivas, ainda que suas características
não incluíssem ser um terceiro zagueiro como a Seleção muitas vezes necessita.
Naquele momento, este colunista se lembrou do já recuperado Lucas Leiva,
volante preterido pelo subutilizado Hernanes.
No recente encontro
de Scolari com alguns jornalistas, o treinador revelou que, se pudesse, substituiria
um de seus atletas. Não disse quem, não disse por que e isso provocou uma onda
de especulações. Ao contrário do que as poucas contestações iniciais possam
sugerir, não faltam opções. Além de Henrique e Hernanes, Bernard e Jô poderiam
ser trocados para que isso representasse um ganho para a Seleção. Admirado por
seu comandante por sua “alegria nas pernas”, o meia-atacante não se firmou
entre os titulares do Shakhtar Donetsk desde que deixou o Atlético Mineiro. Nesse
período, Lucas Moura resgatou seu melhor futebol do Paris Saint-Germain e
chamou a atenção por boas jogadas em altíssima velocidade em gramados
franceses. Sem dúvida, uma arma que Felipão poderia usar contra o improvisado
lateral esquerdo Höwedes no duelo Brasil x Alemanha.
Por sua vez,
Jô daria lugar a um atacante de mais mobilidade que pudesse alterar a forma da
equipe jogar. Aqui, cabe recordar Jonas, atacante do Valencia, que pode atuar
tanto como segundo atacante, quanto no comando do ataque. Possivelmente, Diego
Costa seria o nome ideal para essa mudança, mas como se sabe, o aríete ex-Atlético
de Madrid, ao não se sentir prestigiado pelo técnico brasileiro, preferiu
aceitar a oferta de Vicente Del Bosque para integrar a Seleção Espanhola.
Porém, nada
se compara ao cenário que se instalou quando a equipe médica que acompanhou
Neymar ao Hospital São Carlos em Fortaleza anunciou que o atacante estava fora
da Copa. Um clima de velório se abateu sobre o País pela perda do camisa 10,
mas também pelo vazio na resposta sobre quem jogaria nesse caso. Até este momento,
Willian é o mais cotado para a vaga, todavia, o meia do Chelsea não tem o peso necessário
para diminuir o impacto da fatídica notícia. Se, por exemplo, Kaká estivesse no
elenco, provavelmente recairia sobre ele a tarefa de substituir Neymar no esquema
4-4-1-1 atual. Com o experiente jogador em campo, mesmo longe do seu auge,
haveria tanto um respeito maior dos adversários quanto uma diminuição da
preocupação pela saída da maior referência do time. Contudo, dizem que Felipão
preferiu contar com reservas que não provocassem clamor da torcida em situações
difíceis. Infelizmente, neste momento, os gritos vindos das arquibancadas se
tornaram o menor problema do técnico.
Coluna escrita originalmente para o site Doentes por Futebol.
Foto: Getty Images
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